terça-feira, 7 de julho de 2009

Bailarinas do Vento

Dizem que são apenas folhas e talvez sejam mesmo. E se não forem? Talvez elas não sejam, afinal. Apego-me a essa hipótese, enganado ou não, parece-me mais agradável imaginar que folhas não são apenas folhas.

Elas, a meu ver, são bailarinas do vento. Balançam ao sabor de seu dono e deixam-se levar de um lado a outro, acrescentando fina beleza ao passar.Esbanjam leveza ao cortar o que não se vê e imperam firmes e fortes sobre as correntes de ar e os redemoinhos. Estes servem aquelas e elas se aproveitam destes para adornar ainda mais o seu doce e deslumbrante vôo. Flutuam sobre os segundos, minutos, horas, sobre o tempo, despreocupadas como se não houvesse depois e amanhã.

Caprichosas como só elas, submetem as leis universais como se não fossem senão crianças ingênuas. As bailarinas são livres como os pássaros, mas ao contrário deles não podem ser trancafiadas por ninguém quem quer que seja. Despistam seus pedradores com passos de tango e valsa e, amiúde, com gingado, beleza e samba nos pés, amansam aquele que outrora as perseguia.

Navegam; navegam até encontrar com a relva mais verde e ali repousar o sono dos justos. Humildes, vivem longe do olhar comum. Belas, não escapam ao olhar atento. Olhar, inclusive, que nesse instante empenha-se em lembrar o que não pode ser esquecido. Olhar, por fim, que reconhece e insiste: As folhas são bailarinas do vento.

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