quinta-feira, 16 de abril de 2009

E assim será. E será assim

Mais um dia mais ou menos. Acordei, naturalmente, e me preparei para um dia como outro qualquer. Adivinhem? Foi mesmo um dia qualquer, daqueles em que o sol é amarelo e o céu somente azul.
Não presenciei milagres. Não contemplei eclipses. Não fiz aniversário. Já lhe disse e torno a repetir: foi um dia qualquer!
Nadando contra a maré – costume reincidente, aliás -, eu me preocupo com o sal do mar. Quanto às ondas, que se quebrem e se martelem, não lhes empresto senão um olhar salpicado de patológica indiferença. Eu não estou esperando grandes acontecimentos. Na verdade, eu me deslumbro com os pequenos, fazendo deles os meus grandes. Rendo-me, enfim, aos pormenores da existência, os quais me levam para perto do meu Criador.
O ciclo se repete na simplicidade singela de viver a vida pequena como se fosse parte de algo maior. Eterna sinfonia, é nos seus movimentos delicados que balanço ao ritmo de um amor mais sublime que o meu. Mais um dia qualquer e mais um dia feliz. E assim será. E será assim.

Em silêncio, ela fala

A voz queria falar,
Mas não a deixaram.
Com porretes e armas,
Tentaram lhe calar.

Idade Média Brasileira,
Oh Santo Ofício Militar!
Sem monges e frades,
e mesmo assim cheia de maldades.

Questionar não era uma opção,
Cale-se!
Protestar não era a saída,
Perdição!

Caminhos tortuosos,
Jamais apagados.
Amordaçados,
Porém nunca ludibriados.

Resquícios eternos,
Que sejam varridos!
A nós impostos,
Por aqueles bandidos.

O faroeste acabou,
E as memórias ficaram,
Na mente suicida,
Daquele que te rejeitaram.

Calaram a voz,
E ela continuou falando.
Em silêncio talvez,
Em face de tamanha estupidez.